Tem que ser agora... Anos 80... Saudades...

Vai dizer que você nunca usou calça (putz!) baggy?
Ou que jamais ficou gritando (me desculpem os desavisados) "pow, pow, pow" no estranho 'TV Pow', programa que levava ao ar um jogo eletrônico no qual disparos eram ordenados pelo participante por telefone?
Ou, ainda, que não dançou música lenta nas festinhas, ao som de Kid Abelha, e aproveitou o refrão de 'Como eu quero' para "ficar" pela primeira vez com aquela pessoa para quem você cantava, um segundo antes, "por que não eu, ah, ah, por que não eu?".
Flashes da adolescência e da juventude de muita gente estão repletos de ícones do mundo pop - dos comerciais de TV à música, passando por cinema e moda, claro -, que se estabeleceram na vida brasileira na década de 80. Muitas vezes chamada de "perdida" (adjetivo pra lá de careta, que nos remete aos chiliques conservadores das mães de ex-virgens dos anos 50), a década da redemocratização é hoje cultuada em festas e sites, na moda - o All Star voltou sem nunca ter ido ( veja o que mais se usava na época ) - e na música. E, agora, tem seu mais completo "roteiro de viagem" para quem quer entender a guinada comportamental no período. Chegou às livrarias nesta terça-feira o "Almanaque anos 80" (Ediouro), dos jornalistas Luiz André Alzer e Mariana Claudino. - Quem falava mal da década de 80 tinha dor-de-cotovelo. Especialmente os que viveram os anos 70 e começaram trabalhar e a ter responsabilidades nos 80. A geração dos 80 foi a primeira que não teve uma expressão ideológica. Foi uma década de pouca preocupação e muito divertimento para a juventude - avalia Alzer, que saiu dos anos 80 com 19 anos. Ora, mas então era um período de alienação (outra palavra muito usada antes dos 80)? Desmistificador, o livro muda a percepção de que somente de breguices (e ai de quem usou a maldita calça baggy!!!) e futilidades foram feitos os "anos mais divertidos" do pós-ditadura, como qualifica Alzer. Os 80 consagraram a eletrônica, que invadiu as casas e mentes da garotada com o telejogos, ataris e microcomputadores ( clique para lembrar a 'revolução eletrônica' ), mudaram a liguagem da TV brasileira, com produções como "Armação Ilimitada", "TV Pirata" e "Perdidos na Noite", disseminaram a cultura trash com os porto-riquenhos do Menudo ( clique e relembre a 'Menudomania' ), o mexicano "Chavez" e o americano abrasileirado "Bozo" e, acima de tudo, formaram a mais produtiva geração de artistas pós-tropicália ( veja os destaques na música ). Apesar das mais de 800 fotos e listas inacreditáveis - das musas da década às bandas de um sucesso só, passando pelo poder de compra da época ( clique para saber quanto valia "um barão" ) - o livro não é enciclopédico, frisa Mariana. A idéia foi reunir as referências da formação cultural (pop) de uma geração e estabelecer um amplo roteiro de memórias coletivas. - Eu, por exemplo, usava bermuda Dimpus Jeans. E tinha aquela coisa de colocar a camisa pra dentro atrás e solta na frente. Era tosco! E tinha o tule na cabeça - diverte-se a autora, ao falar da própria experiência. Entre os destaques, estão a lista de proezas do Macgyver, que já deteve até vazamento de ácido sulfúrico com uma barra de chocolate; um hilário detalhamento do poder de compra do dinheiro da época; o glossário dos trapalhões (com expressões como 'Ele camufla...' e 'Forevis'); e até mesmo a parada de sucesso de 1990, que tinha "Vogue", de Madonna, pavimentando a procissão de arranjos eletrônicos que dominaria os 90, em 10º, atrás de "Lambada", do Kaoma, e "Pense em mim", de Leandro e Leonardo ( clique e veja a lista completa ). Os anos 80 foram mesmo divertidíssimos!

Fonte O Globo On line

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